Realizada capacitação sobre Enfrentamento do Bullying em Santa Fé do Sul

Foram apresentadas estratégias de combate ao bullying e cyberbullying, em um esforço conjunto para criar ambientes escolares mais seguros e inclusivos.

A Prefeitura e a Secretaria Municipal da Educação da cidade de Santa Fé do Sul organizou uma capacitação sobre a atuação dos professores no enfrentamento do bullying e do cyberbullying com o delegado de polícia Higor Vinicius Nogueira Jorge no Cinema Santa Fé do Sul. A capacitação foi direcionada a professores e gestores da rede municipal de Educação.

Especialista em Crimes Cibernéticos Compartilha Conhecimento

Higor Jorge, mestre em Educação pela UEMS,  especialista em investigação criminal tecnológica e autor de dezenas de livros, abordou desde a definição e os critérios para identificar o bullying e o cyberbullying, até as consequências devastadoras para as vítimas e as estratégias eficazes de enfrentamento.

“É fundamental compreender que o bullying não é apenas uma ‘brincadeira de criança’. Trata-se de um comportamento agressivo e repetitivo que causa danos físicos e psicológicos profundos”, enfatizou Higor Jorge.

Cyberbullying: A Ameaça Virtual

Um dos pontos altos da palestra foi a discussão sobre o cyberbullying, uma forma de agressão que se manifesta através da internet e de dispositivos eletrônicos. Higor Jorge destacou as características que tornam o cyberbullying particularmente perigoso, como o suposto anonimato dos agressores, o alcance ilimitado das agressões e a persistência das mensagens ofensivas.

“O cyberbullying pode ter um impacto ainda maior do que o bullying tradicional, pois a vítima não tem escapatória. As agressões a seguem para onde quer que ela vá, 24 horas por dia, 7 dias por semana. A elaboração de um Boletim de Ocorrência tem sido o caminho mais apropriado para lidar com esse tipo de problema, pois permite a responsabilização do autor”, alertou o delegado.

Identificando os Sinais e Perfis

A palestra também abordou os sinais de alerta que podem indicar que um aluno está sofrendo bullying ou cyberbullying, como mudanças comportamentais, alterações físicas, baixa autoestima e declínio no desempenho escolar. Além disso, Higor Jorge apresentou os perfis típicos de alvos e agressores, destacando a importância de identificar tanto as vítimas quanto os autores das agressões para que a intervenção seja eficaz.

  • Alvos: Baixa autoestima, insegurança, isolamento social, vulnerabilidade emocional, dificuldade em expressar sentimentos, timidez acentuada, sensibilidade a críticas, medo de rejeição, dependência emocional, dificuldade em se defender diante de ataques e aparência ou comportamentos considerados “diferentes” pelo grupo social.
  • Agresssores: Agressividade, falta de empatia, desejo de controle ou poder, impulsividade, tendência a manipular, necessidade de aceitação no grupo, contexto familiar problemático, exposição à violência, baixa tolerância a frustrações, falta de habilidades sociais saudáveis, comportamento antissocial e insegurança mascarada.

O Papel Fundamental dos Observadores

Higor Jorge enfatizou o papel fundamental dos observadores, ou seja, aqueles que testemunham os atos de bullying ou cyberbullying. Segundo ele, a intervenção dos observadores pode mudar a dinâmica da situação, promovendo um ambiente mais seguro e saudável para todos.

“Se um estudante presenciar um ato de bullying, ele não deve se calar. Deve denunciar, apoiar a vítima e mostrar que não tolera esse tipo de comportamento”, incentivou o delegado.

A Legislação em Defesa das Vítimas

A palestra também abordou a legislação brasileira que protege as vítimas de bullying e cyberbullying, como a Lei nº 13.185/2015, que instituiu o Programa Nacional de Combate ao Bullying e à Violência Escolar. Higor Jorge destacou a importância de conhecer e aplicar essas leis para garantir que os agressores sejam responsabilizados e que as vítimas recebam o apoio necessário.

Estratégias de Enfrentamento e Prevenção

Dr. Higor apresentou uma série de estratégias de enfrentamento e prevenção do bullying e cyberbullying que podem ser implementadas nas escolas, como:

  1. Criação de um código de conduta anti-bullying: Definir o bullying, estabelecer regras e sanções, e promover o respeito e a inclusão.
  2. Implementação de um sistema de denúncia anônima: Para prevenir represálias.
  3. Oferecimento de apoio psicológico: Parceria com órgãos públicos para superar traumas e fortalecer a autoestima das vítimas.
  4. Promoção da inclusão e da diversidade: Desenvolver atividades que celebrem a diversidade e promovam a inclusão, como projetos interdisciplinares, eventos culturais e grupos de apoio.
  5. Capacitação dos alunos como agentes de mudança: Incentivar os alunos a se tornarem defensores da causa anti-bullying, criando grupos de apoio, promovendo campanhas de conscientização e intervindo em situações de risco.
  6. Integração curricular: Incluir o tema do bullying em várias disciplinas para aumentar a conscientização e promover valores de respeito.
  7. Aprendizagem socioemocional: Desenvolver empatia, autoconsciência e resolução de conflitos como habilidades fundamentais na convivência escolar.
  8. Cidadania digital: Ensinar o uso seguro e responsável da internet, preparando os alunos para interações online saudáveis.

O Uso de Celulares nas Escolas: Um Debate Necessário

A palestra também abordou a Lei nº 15.100/2025, que proíbe o uso de celulares e dispositivos eletrônicos por estudantes em escolas públicas e privadas de educação básica. Higor Jorge explicou que o objetivo dessa lei é salvaguardar a saúde mental, física e psíquica dos estudantes, combater o bullying e promover a interação social positiva.

Um Compromisso com o Futuro

Ao capacitar os educadores e conscientizar a comunidade escolar, a cidade está construindo um futuro mais seguro e inclusivo para seus jovens.

A Secretária Municipal de Educação, Marilza Barbosa de Almeida Marques, expressou sua gratidão ao delegado Higor Jorge e reafirmou o compromisso da administração municipal em investir em ações e programas que promovam a cultura da paz e o respeito às diferenças.

“Temos trabalhado por um ambiente escolar onde todos os alunos se sintam seguros, valorizados e respeitados”, concluiu a secretária.

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